Quem somos?!



Pensamos a arte de uma forma livre... Foi a partir daqui que nos juntámos e formámos a C.A.L. uma comunidade aberta a ideias, projectos, abraçando alternativas ao que de convencional se faz por aí. Trabalhamos a arte no sentido de dar e abrir a públicos que procurem estímulos diferentes, num processo de desconstrução e recriação. Como refere Antonin Artaud, antes de mais nada, necessitamos de viver, necessitamos de acreditar no que nos faz viver e em que algo nos faz viver (…).
Desta forma tentamos unir artisticamente o Teatro, a Música e as Artes Plásticas numa atitude de exploração conjunta da arte, do corpo, dos materiais, sons, das palavras, das ideias, das ambiências, dos processos, dos sentidos. Procuramos desde o silêncio ao grito, explorar os limites e reencontrar a liberdade de criar, sem a dependência total das instituições e do capital como base da criação.
Descartes diz-nos: age com mais liberdade quem melhor compreende as alternativas em escolha. Quanto mais claramente uma alternativa apareça como a verdadeira, mais facilmente se escolhe essa alternativa.
Caminhemos então em direcção às alternativas.
A.M.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

diz Anaïs...

Porque escrevem as pessoas?

Já me fiz tantas vezes esta pergunta que hoje posso respondê-la com a maior facilidade.
Elas escrevem para criar um mundo no qual possam viver.
Nunca consegui viver nos mundos que me foram oferecidos: o dos meus pais, o mundo da guerra, o da política.
Tive de criar o meu, como se cria um determinado clima, um país, uma atmosfera onde eu pudesse respirar,
dominar e recriar-me a cada vez que a vida me destruísse.

Esta é a razão de toda obra de arte.
Só o artista sabe que o mundo é uma criação subjectiva, que é preciso escolher, seleccionar.
A obra é a concretização, a encarnação do seu mundo interior.
Ele espera impor a sua visão pessoal, partilhá-la com os outros.
Se não atinge esta última finalidade, o verdadeiro artista persiste assim mesmo.
Os poucos momentos de comunhão com o mundo valem esse sofrimento, pois finalmente esse mundo foi criado
para os outros como um legado, como um dom a eles destinado.

Também escrevemos para aprofundar o nosso conhecimento da vida.
Para atrair, encantar e consolar.
Escrevemos para acalentar os nossos amantes.
Para degustar em dobro a vida: no momento preciso e retrospectivamente, na sua lembrança.

Escrevemos, como Proust, para tornar as coisas eternas e para nos convencermos de que elas o são.
Para podermos transcender a nossa vida e alcançarmos o que existe além dela.
Escrevemos para aprender a falar com os outros, para testemunhar nossa viagem ao labirinto.
Para abrir, expandir nosso mundo quando nos sentimos sufocados, oprimidos ou abandonados.

Escrevemos como os pássaros cantam, como os primitivos dançam os seus rituais.
Se não respirar quando escreve, não gritar, não cantar, então não escreva porque a sua literatura será inútil.
Quando não escrevo, o meu universo reduz-se; sinto-me numa prisão.
Perco a minha chama, as minhas cores.

Escrever deve ser uma necessidade, como o mar precisa das tempestades – é a isto que eu chamo de respirar.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"A Casa Do Incesto" de Anaïs Nin ou A 13ª Casa do Zodíaco

Na manhã em que me levantei para começar este livro tossi. Algo estava a sair-me da garganta, a estrangular-me. Rasguei o cordão que o retinha e arranquei-o. Voltei para a cama e disse: Acabo de cuspir o coração.


Lançamo-nos numa nova viagem, através de um mundo surreal onde o Sonho e a Realidade não têm dimensão palpável, e o dia e a noite se fundem em imagens de constante metamorfose.

A 13ª Casa do Zodíaco será um novo projecto, realizado a partir do livro "A Casa do Incesto" de Anaïs Nin, objectivando a criação partindo de textos não teatrais - um trabalho de pesquisa explorando a contemporaneidade da palavra na plasticidade do corpo e da imagem -, numa procura de novos processos e de material que nos estimule à recriação de universos que nos surpreendam.

Daremos noticias. Mantenham-se em contacto.

C.A.L