Assim, foi ainda este sábado que, ao abrir uma revista, na primeira página vejo este texto.
Institivamente tive de o vir inscrever nesta fachada caiada.
E diz Pedro Rolo Duarte:
"O país invisivel
Enquanto nos queixamos e enchemos a vida de lamúrias; enquanto julgamos os outros sem muitas vezes olharmos para nós proprios; enquanto discutimos irrelevancias e buzinamos no carro por razão quase nenhuma; enquanto relevamos dos dias o que menos conta no balanço final...
...Enquanto a imagem vale tudo e pela imagem quase todos procuram os seus cinco minutos de glória; enquanto atrás da imagem vão politicos e jornalistas, quem decide e quem pode mudar; enquanto fazemos a proporção da relevancia pela popularidade e nmenosprezamos o pormenor em função do efeito especial...
...Enquanto damos sentido e espaço ao olhar ácido do poeta: - "Estamos todos bem servidos de solidão. De manhã a recolhemos do saco, em lugar de pão"...
...Enquanto diabolizamos o dinheiro mas a ele nos submetemos; enquanto fazemos do consumo uma palavra de ordem e do desperdicio um modo de vida; enquanto nos centramos em manter a aparência e desprezamos o que tapa essa aparência...
...Enquanto dormirmos tranquilos porque temos na lapela o autocolante da pequena contribuição; enquanto nos basta a moeda ao arrumador e o cego que ajudamos a atravessar a passadeira; enquanto sentimos dever cumprido porque demos roupa velha aos pobres...
...Enquanto tudo isso compõe a nossa vida triste e diária, "o modo funcionário de viver" que O´Neil tão bem escreveu, há um Portugal invisivel que não espera por eleições nem anda aos gritos na rua, que não pretende maiorias absolutas nem se resigna no queixume, que tem capacidade de agir sem pedir nada em troca, que dá sentido à vida prolongando outras vidas, melhorando outras vidas. É um Portugal feito de gente igual a nós, a qualquer um de nós - mas é um Portugal melhor, porque deu parte do seu tempo aos outros sem querer nada em troca, a não ser a satisfação de ter dado.(...)"
Tantas palavras podem ser ditas a partir daqui, tantos pensamentos e deduções de quem é e pode ser este "país invisivel", de quem se sente parte ou fora desta "invisibilidade", que estando para além da imagem ou da não imagem, está na vontade e no que nos move a viver...
Pois bem, Pedro fala dos Voluntários do nosso país... Mas aqui fica o meu desafio lançado com um sorriso: quem são os "invisiveis" deste mundo?
Manifestem-se
CAL comunidade de artistas livres
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